18.9.10

Já que ainda estou sem idéias, vou colocar aqui uma pequena adaptação de um texto da Martha Medeiros.Para quem quer saber quem sou eu...aí vai:

"A gente é o que a gente gosta. A gente é nossa comida preferida, os filmes que a gente curte, os amigos que escolhemos, as roupas que a gente veste, a estação do ano preferida, nosso esporte, as cidades que nos encantam. Você não está fazendo nada agora? Eu idem. Vamos listar quem a gente é: você daí e eu daqui. "

Eu sou primavera. Sou sombra e água de coco. Sou rosa e tímida. Sou simpatica. Sou sorridente.
Sou unhas vermelhas. Sou brilho labial. Sou salão de beleza. Sou bolsa. Sou brincos e relógios. Sou amiga. Sou o confessionário das amigas. Sou família. Sou tia e dinda.Sou irmã-amiga. Sou filha. Sou católica, agradeço todos os dias a Deus por tudo,que tenho e tudo que sou. Sou sobrinha querida. Sou prima preferida. Sou de lua. Sou romântica. Sou MPB. Sou música. Sou textos.Sou Clarice Lispector.Sou palavra cruzada. Sou internet. Sou observadora até demais. Sou atenciosa. Sou filme.Sou jeans. Sou quarto. Sou criativa. Sou fotos e recordações. Sou passado. Sou anos 80.

Você está fazendo sua lista? Tô esperando.

Sou dengosa. Sou caseira.Sou mais noite que dia. Sou mais doce que salgado.Sou bolo de chocolate. Eu sou o chocolate. Sou mais romance que suspense.Sou mais silêncio que barulho. Sou pontual. Sou indecisa.Sou mais cerveja que whisky. Sou solidão. Sou simples.Sou sociável. Sou mais pensativa que ágil. Sou Rio de Janeiro, mas também sou Bahia. Sou sono profundo. Sou esperança.Sou apego. Sou eu mesma.


Agora é a sua vez !!!!!!




11.9.10

FELIZ POR NADA ! Martha Medeiros

Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo?
Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.